terça-feira, 8 de julho de 2014

O dia e o pavor

Você acha que possui pouco medo do mundo até o momento em que a criatura que mais te assusta te coloca em uma posição de pânico. E nestes minutos que se arrastam como horas, você vê passar pela mente as possibilidades que podem te acontecer a qualquer instante e, em seguida, tudo o que poderia ter feito aquele dia, e até mesmo nos últimos dias, e não fez; as palavras que poderia ter dito e não disse, o que deveria ter perdoado mas não perdoou, as desculpas que deveria ter pedido e não pediu, tudo que tem por fazer, que não concluiu... E nesta hora, além do medo, a culpa começa a sondar os pensamentos, e querer, acima de tudo, simplesmente chegar em casa, para poder ter mais uma chance com tudo em que falhou. É realmente desesperador.

Ás vezes, ideias absurdas e tanto improváveis; ás vezes, mais pavor do que a própria ameaça poderia proporcionar... Mas mesmo assim, quão pequena e, recente descoberta, ingênua sou eu para neste instante diferenciar um do outro.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Mudanças indesejáveis

De súbito, o que era bom e bonito vai se enfeiando conforme os pensamentos se tornam palavras.
O sentimento se contrai e se transforma,
Passa a machucar,
A criar distância mesmo não sendo de sua vontade.
O amor é grande, mas a dor é maior ainda.

Decepção e mágoa tomam conta da felicidade, do bem querer.
E a guerra entre a mente e o coração é travada mais uma vez...

Ingênuos, pois de qualquer maneira os dois perdem.

Onde vão parar os pensamentos?
Os sentimentos bons?

Quero paz.
Quero silêncio por aqui.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Carta

"Muito depressa, não. Vai-se tornando o tempo estranhamente longo à medida que encurta. O que ontem disparava, desbordado alazão, hoje se paralisa em esfinge de mármore, e até o sono, o sono que era grato e era absurdo, é um dormir acordado numa planície grave. Rápido é o sonho, apenas, quando se vai, de mandar notícias amorosas quando não há amor a dar ou receber; quando só há lembrança,
ainda menos, pó,
menos ainda, nada,
nada de nada em tudo, em mim mais do que em tudo, e não vale acordar quem acaso repouse na colina sem árvores.
Contudo, esta é uma carta."

Carta.
Carlos Drummond de Andrade.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Acontece

Sentir um repentino vazio e notar que não se tem a quem recorrer.
Olhar ao redor e ver faces e sorrisos distantes demais.

Olhar para trás e rever um longo caminho percorrido, que se perde, mas que se esgotou cedo
(ou tarde) demais...

Olhar para frente, buscando o caminho a percorrer, e só perceber telas brancas,
esperando para serem tingidas;
uma trilha a se criar
mas sem saber por onde começar.

Não encontrar,
não saber encontrar,
a aquarela adequada para começar a pintar.

E olhar para trás não ajuda,
quem sabe eu não tivesse perdido a hora...?

Insônia

Ei, dona moça... Que tal olhar adiante, manter a mente e o coração quietos um instante, e pegar no sono... Só por agora?